quarta-feira, 28 de outubro de 2009

CAA socializa Campanha em BREJO DOS CRIOULOS



No último dia 21 (outubro) uma pequena equipe do CAA/NM (Centro de Agricultura Alternativa) visitou o Quilombo Brejo dos Crioulos. Com intuito de socializar os resultados obtidos até agora com a 'Campanha Brejo dos Crioulos planta!', e iniciar a capacitação dos quilombolas para difusão e alimentação do blog e e-mail criados para tal, a equipe passou o dia em Brejo, entre conversas e registros fotográficos.

Elizabete, quilombola de Brejo, foi a primeira jovem a iniciar a capacitação, que inclui aulas de informática e conversas sobre as possibilidades e resultados da Campanha. A partir das visitas de capacitação, a equipe pretende fazer com que o Quilombo tenha autonomia nos encaminhamentos do blog e e-mail. As primeiras aulas de informática foram ministradas na escola do Quilombo, que conta com quatro computadores e acesso ilimitado à internet.
Texto e fotos: Manuh Almeida (ASCOM - CAA/NM)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Assentamento Tapera doa sementes para Brejo plantar!



O Assentamento Tapera do município de Riacho dos Machados enviou, nesta quinta feira, cerca de 100 kg de sementes para o Quilombo Brejo dos Crioulos.
Foi assim. Quando Sandra ficou sabendo da campanha, ela tinha uma viagem para o Assentamento Tapera. Este assentamento tem uma história de luta muito bonita. Quase perderam seus terrenos para uma empresa de eucalipto no final da década de 1980. Em 1994, após muita luta, conseguiram a desapropriação de uma área de 4.200 ha para suas 40 famílias de geraizeiros. Uma luta que contou com apoio de outras organizações da sociedade civil. Embora o INCRA declarasse inicialmente que as terras não eram apropriadas para um assentamento rural, eles provaram na prática a viabilidade do assentamento. É um dos poucos assentamentos do Norte de Minas que nunca precisou recorrer ao perdão de dívidas. Produzem de tudo um pouco. Inclusive sementes agroecológicas.
Quando Sandra foi na Tapera, comentou sobre a luta de Brejo. De imediato eles se mobilizaram e em pouco tempo reuniram 100 kg de sementes. Varias variedades de milho, feijão, fava. Foi o Custódio, do assentamento, que fez a mobilização. O Chico, um jovem que casou outro dia, foi um dos que fizeram a doação: 40 kg de sementes de milho.
A Valquiria depois passou no assentamento e trouxe a sementes para Montes Claros. Carlinhos, Mateus e Carla estavam, por coincidência, indo para Brejo. E levaram a sementes.

Lá eles contaram sobre a doação. A comunidade ficou muito alegre. E foi mostrar para eles as áreas que já tinham roçado. Aproveitaram o momento e discutiram sobre como poderiam utilizar aquelas sementes também conservando a terra.
A SOLIDARIEDADE A BREJO CRESCE!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

CARTA DE BREJO DOS CRIOULOS NO DIA DO TRABALHADOR RURAL







No dia 25 de Julho de 2001, reuniram-se em Brejo dos Crioulos as entidades do movimento social do Norte de Minas – Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Pastorais, Organizações Não Governamentais, Representantes de Comunidades Negras, Movimento Negro de Recife e Montes Claros, Professores, Universitários e Pesquisadores -, constituintes do Fórum Regional de Desenvolvimento Sustentável, atividade que contou com o apoio solidário da CESE. Na oportunidade pudemos conhecer o processo vivido de ocupação desse território negro desde meados do Século XVIII e a sua perda a partir de meados do Século XX. Essa comunidade negra encontra-se localizada nas margens do ribeirão Arapuim, divisa dos municípios de São João da Ponte e Varzelândia (MG).

Conforme relatam moradores mais velhos, desde meados do Século XVIII, negros fugidos da escravidão passaram a se fixar nas margens da Lagoa Peroba, existente na vazante do médio ribeirão Arapuim. Esse foi o núcleo inicial que deu origem à Comunidade Quilombola de Brejo dos Crioulos, cuja existência é reconhecida em todo o Norte de Minas Gerais. A ocupação dessa área foi possibilitada pela existência de brejo na vazante do referido ribeirão, propícia à proliferação da maleita, que a tornava imprópria para brancos e indígenas.

Com o passar do tempo, muitos outros negros fugidos para cá se dirigiram, aumentando a população que no final do Século XIX era de 38 troncos familiares. Como disse um historiador regional, Simeão Ribeiro em artigo na Revista Síntese da Unimontes, “Brejo dos Crioulos não sofreu a ação de capitão do mato”. Nesse contexto, as famílias aqui localizadas desenvolveram um sistema peculiar de organização social, cultural e produtiva, baseada em heranças africanas, indígenas e portuguesas.

A partir dos anos 1960, com a expansão da fronteira agrícola no Norte de Minas, fazendeiros utilizando de recursos violentos, como jagunços armados, passaram a grilar e a tomar as terras de diversas famílias herdadas de seus ancestrais, utilizando o artifício da venda forçada. Algumas famílias mudaram-se para outras localidades e, outras, se fixaram em “terra de santo”, existente na localidade. Segmentada por fazendas, aos poucos, Brejo dos Crioulos passou a significar a comunidade quilombola original, já que as famílias que aqui ficaram passaram a formar os grupos locais de Araruba, Arapuim, Cabaceiros, Conrado, Caxambu e Furado Seco. Discriminados por questões políticas, os moradores de Brejo dos Crioulos, estereotipados pejorativamente, passaram a sofrer exclusão em São João da Ponte. Ao mesmo tempo em que reafirmavam sua identidade cultural negra diferenciada.

Com a implantação de fazendas com recursos da SUDENE, mais para especulação imobiliária que para produção, a organização social de Brejo dos Crioulos se desestruturou. Passaram de proprietários de terra e de fornecedores de gêneros alimentícios na região a trabalhadores rurais migrantes sazonais, deslocando-se para diversas regiões do Brasil. Atualmente, 248 famílias vivem em precárias condições de vida, que determinam carência alimentar, doenças endêmicas e falta de perspectivas de empregos devido ao fechamento de postos de trabalho em fazendas regionais e de outros estados. Assim, a reprodução de Brejo dos Crioulos, tornou-se impossibilitada em sua própria localidade em meio da vastidão do território perdido e vazio na mão de fazendeiros especuladores imobiliários, apesar da Constituição Federal afirmar a necessidade de sua preservação como patrimônio da Nação brasileira.

Tendo dado início ao processo de reconhecimento como Comunidade Remanescente de Quilombo junto à Fundação Cultural Palmares e à Procuradoria Geral da República em Minas Gerais, a comunidade de Brejo dos Crioulos aguarda o deslanchar desse processo.

Nós, representantes de entidades do movimento popular do Norte de Minas, presentes neste dia do Trabalhador Rural em Brejo dos Crioulos, viemos a público denunciar as condições angustiantes vividas pelas famílias moradoras desse quilombo, já reconhecido como tal pela Fundação Cultural Palmares, tornando-se, assim, um patrimônio de todos nós brasileiros. Também, exigimos que a situação fundiária da mesma comunidade seja resolvida, para que seus moradores possam transformar a atual precária condição de vida. Ao mesmo tempo em que a dívida social da nação brasileira para com os negros seja, nesse caso, dirimida, conforme determina o Artigo 68 nos Atos Constitucionais das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988. Exigimos, também, que o processo de regularização fundiária ocorra paralelo a investimentos em infra-estrutura social, cultural e produtiva básica.

A participação de cerca de 500 pessoas, representantes de 19 cidades, 21 comunidades e 27 entidades do Norte de Minas Gerais e de outros estados e comunidade local nesta assembléia em Brejo dos Crioulos significa o nosso reconhecimento à luta desses nossos irmãos negros para permanecerem na história regional como símbolo de alternativas de vida ao modelo disseminado por todo o país. Como o foram durante o período da escravidão. Também queremos, aqui reunidos, afirmar que não deixaremos de envidar esforços para que o processo de transformação das condições atuais da comunidade seja revertido, desde que o Governo Federal cumpra o disposto na Constituição de 1988, regularizando a sua situação fundiária. Assim, aqui reafirmamos a nossa disposição de luta em favor dos nossos companheiros negros de Brejo dos Crioulos, a quem, solidários nos propomos a continuar marchando ombro a ombro até que uma nova aurora brilhe para eles e todos nós. E, para tanto, continuaremos atentos ao desenrolar do processo em curso junto à Fundação Cultural Palmare e à Procuradoria Geral da República em Minas Gerais, manifestando sempre que se fizer necessário.

Representantes do Fórum Regional de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas:
CAA/NM (Carlos Alberto Dayrell) - 038 3218.7700
João Batista de Almeida Costa – 038 9963-4136.
CUT Norte de Minas (Ducarmo) – 038 3221-4790
GRUCON (José Gomes) – 038 3212-1945
FETAEMG (Maria do Rosário) – 038 3214-1884
CPT (Alvimar Ribeiro/Zilah) – 038 3221-2982

Participaram da visita ao Brejo dos Crioulos:
- Representantes dos municípios de: Varzelândia, São João da Ponte, Montes Claros, Brasília de Minas, Manga, Jaíba, Pai Pedro, Taiobeiras, Salinas, Coração de Jesus, Mirabela, Buritizeiro, Lassance, Francisco Sá, Januária, Porteirinha, Belo Horizonte, Brasília e Recife.
- Representantes das comunidades de Brejo dos Crioulos, Furado Seco, Orion, Araruba, Arapuim, Cabaceiro, Conrado, Serra Dagua, Fazenda Gol, Puris, Rompe Gibão, Morrinhos, Pocinhos, Serra da Guia, Tanquinho, Poço da Vovó, Caroda, Lagoa Bonita, Califórnia, Barroca, Taperinha;
- Representantes das entidades: GRUCON M.Claros, SindUTE, CAA/NM, CPT MG, CPT Vale do São Francisco, FETAEMG Polo de Montes Claros, CUT N.Minas, Casa de Pastoral Comunitária, CIMI, CÁRITAS;
- Representantes dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais de Montes Claros, Coração de Jesus, Mirabela, Buritizeiro, Lassance, Januária, Salinas, Manga, Jaíba, Taiobeiras, São João da Ponte, Varzelândia, Porteirinha;
- Outros: Pesquisadores da UFJF, UNB, Universitários da UNIMONTES, Vereadores de Varzelândia, Mandato Popular de SUED (M.Claros).






Fonte: site Agrisustentável.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Brejo dos Crioulos: um pouco de sua história!




A comunidade de Brejo dos Crioulos, localizada na divisa dos municípios de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia é um dos mais antigos quilombos do Brasil. A partir dos anos 1960 foi dividida em 06 grupos locais - Arapuim, Araruba, Cabaceiros, Caxambu, Conrado e Furado Seco -, devido ao processo de expropriação do território tradicional por meio da venda forçada por setores das classes médias urbanas objetivando afazendar-se. Possui uma população superior a 2.000 pessoas articuladas em 500 famílias. O quilombo encontra-se sob grave risco social e de violação do direito humano a saúde, educação, a alimentação e ao território. Para garantir a reprodução famíliar e de seu grupo, os membros da comunidade ofertam sua mão-de-obra no mercado agropecuário brasileiro, dedicando-se, sazonalmente, à colheita de café no Triângulo Mineiro. Hoje já reconhecidos como comunidade Quilombola, perseverantes ainda nesse processo de luta pela conquista do território, encontram-se em processo de negociação com o INCRA. Já ocuparam por 10 vezes fazendas dentro do território quilombola, sendo sempre despejados sem nenhuma atitude prática acerca da situação. Os fazendeiros se armam, a revelia da lei e amedrontando a comunidade. Tal violência trás para as cercanias do lugar os riscos de uma profunda desagregação social e cultural dessas comunidades, lhes roubando o único patrimônio e fator de coesão social que lhes restaram: os laços de parentescos e reciprocidades sociais conduzidos pelas celebrações, ritos e festividades embaladas pelos tambores – agora silenciados pelo medo das armas.
Mesmo assim resistem... e agora, plantam!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

CAMPANHA BREJO DOS CRIOULOS PLANTA!


A Comunidade Quilombola de Brejo dos Crioulos aos poucos retoma suas antigas áreas de produção, onde viviam seus ancestrais. Desde agosto de 2009, cinqüenta e cinco famílias se dedicam à roçada de uma área de pastagem abandonada, com cerca de 100 hectares, na Fazenda Caxambu. O plano é o plantio de roças de milho, feijão, arroz, cana e mandioca. A esperança está estampada no rosto de jovens, adultos, mulheres e anciões. Em meio à rezas, cantorias e batuques eles se organizam em grupos de trabalho.

Gilson, quilombola que coordena um dos grupos, mostra um antigo cemitério onde foram enterrados os avós, bisavós e um irmão gêmeo. Árvores frondosas, como Aroeira e Pau Preto, circundam o terreno. Tio Nêgo e Dona Plunara, um casal de anciãos com mais de 80 anos, são exemplo da resistência quilombola. Nunca saíram do pequeno oásis no meio do sertão ressequido, onde moram. Mesmo sem água, sem energia elétrica, continuam plantando, agora mais alegres com a companhia de seus parentes que re-ocuparam a terra.

Estamos pedindo apoio para que o Quilombo Brejo dos Crioulos possa cultivar seus 100 hectares de terrenos que foram re-ocupados e para outras iniciativas produtivas envolvendo as 500 famílias que aí vivem. Para tanto, pedimos que deposite uma doação (no valor que for possível) na conta da Associação Quilombola Brejo dos Crioulos.

Banco do Brasil
Agência: 2767 - 7
Conta Corrente: 11.102 - 3

Envie um e-mail confirmando o depósito para
quilombobrejodoscrioulos@gmail.com.
Mensalmente a Associação emitirá um extrato com os valores que foram angariados e a sua destinação em projetos comunitários. Os recursos, bem como outras informações serão publicados no blog oficial:

http://www.quilombobrejodoscrioulos.blogspot.com/.

FAÇA PARTE DA REDE DE SOLIDARIEDADE COM OS QUILOMBOS DO NORTE DE MINAS QUE JÁ CONTAM COM O APOIO DE: Federação N'Golo, CEDEFES, CPT, CAA-NM, RECID, FIAN - Brasil; MST, Professores, estudantes e pesquisadores da UNIMONTES, UFMG, Colégio São José, Arquidiocese de Montes Claros, Caritas, HEKS, CESE, PPM, Misereor, entre outras.