quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Quilombolas continuam acampados sem resposta do governo
Quilombolas de Brejo dos Crioulos se acorrentam no Palácio do Planalto
sábado, 20 de novembro de 2010
ATAQUE AOS VAZANTEIROS
As Comunidades Vazanteiras das ilhas de Matias Cardoso e Manga, juntamente com a Comissão de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas vêm a público denunciar: em menos de quatro meses, três ataques são perpetrados às comunidades vazanteiras do São Francisco nos municípios de Matias Cardoso e Manga
Em menos de quatro meses, três ataques justamente às comunidades que denunciaram à Comissão Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana – DCCPH / SDH / PR – ligada à Presidência da República, a crítica situação de insegurança alimentar vivida pelas comunidades ribeirinhas do rio São Francisco. Comunidades com uma história de séculos de contribuição ao abastecimento regional e nacional com produtos agrícolas oriundos de seus cultivos nas vazantes sanfranciscanas. Condição que começou a mudar quando passaram a viverem encurraladas, primeiro pelos fazendeiros durante a década de 1970, agora pelo IEF a partir dos anos 2000. Comunidades que hoje passam fome, tendo que se sujeitar a programas assistencialistas porque não podem mais cultivar em seus territórios ancestrais.
O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana nomeou uma comissão especial para fazer averiguações, o que aconteceu entre os dias 07 e 09 de julho de 2010. Além de visitar as três ilhas, a comissão reuniu
Vemos que é forte a pressão do Governo do Estado de Minas para criar áreas protegidas a qualquer custo como compensação ambiental do Projeto Jaíba. Para garantir a vasta degradação ambiental provocada por este projeto, avança sobre territórios de comunidades tradicionais, justamente sobre aquelas que sempre souberam usar com parcimônia os recursos da natureza. Vêm cometendo graves irregularidades como a de indenizar empresas e fazendeiros pagando por áreas de terras que pertencem à União e que, alem disso, estão sob disputa por comunidades quilombolas. Como aconteceu recentemente ao adquirir a Fazenda Casa Grande da FAREVASF, fazenda que expropriou as famílias do Quilombo da Lapinha na década de 1970, ignorando totalmente o povo do lugar.
Um clima de revolta generalizada vai se instalando às margens do rio São Francisco. Os verdadeiros guardiões do Rio são enxovalhados pela elite branca de ambientalistas, de políticos que moram na capital mineira, contra os negros, os baianeiros, os nordestinos, população que compõe a maior parte de nossa população ribeirinha.
Pois, no dia 20 de novembro de 2010, Dia da Consciência Negra, queremos uma reposta diferente. Não nos basta a distribuição de medalhas. E não vamos ficar esperando!
Apóiam esta carta:
Comissão Pastoral da Terra – Norte de Minas;
Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – Montes Claros, MG;
Matias Cardoso, aos 17 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
A Esperança que Brejo dos Crioulos Planta!
Desde 2004 os quilombolas vêm fazendo ocupações, na busca de seus direitos, recebendo somente o descaso, com ações de reintegração de posse e mandados de despejo emitidos pela vária agrária. Ações de jagunços contra quilombolas feridos já foram anteriormente denunciados. Em dezembro do ano passado, o INCRA-MG foi pela 1ª vez ocupado por quilombolas de Minas Gerais no intuito de agilizar os processos dos mesmos no estado.
Mas com a morosidade do INCRA, descaso do Governo Federal e a perversidade dos latifundiários locais, o processo de regularização é extremamente lento. Há quase 10 anos o Brejo está em luta para regularização fundiária do território, através das ocupações, único caminho para que isso aconteça, já que os órgãos responsáveis não cumprem seu papel. O INCRA está sucateado, pois o Governo Federal não tem interesse em realizar a Reforma Agrária nesse país. Uma enorme dívida aos povos do campo que não está sendo paga, beneficiando poucos latifundiários e empresas que ganham muito dinheiro com a destruição da natureza e a exploração do povo. Segundo informações, o processo 54170.008821/2003-12 de Brejo dos Crioulos, já foi analisado pelos técnicos da regularização de territórios quilombolas do INCRA nacional e aguarda parecer da procuradoria Geral Especializada do INCRA, para ser direcionado para a análise final do Conselho Diretor do INCRA Nacional.
Os Quilombolas exigem que o processo de regularização do território, chegue a Casa Civil para que o decreto de desapropriação possa ser assinado. Para isso eles continuam sempre na luta, como única alternativa para que o lerdo processo chegue ao fim, acabando com os conflitos, amenizando o grave problema social e as violações aos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais por parte do Estado.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
O CAA esteve participando de uma animada reunião no Brejo dos Crioulos no último dia 27 de janeiro. Segundo a coordenadora do projeto Arte e Cultura em áreas de Reforma Agrária do INCRA/MG, Dora Castilho, o projeto visa catalogar todas as expressões artísticas da comunidade do Brejo dos Crioulos e pensar estratégia de animação, resgate e preservação da cultura deste povo. A reunião era um chamamento para que as expressões artísticas da comunidade não se percam. “O Brejo tem atividades culturais riquíssimas como o batuque e outras e nós precisamos preservá-las”, afirmou Dora. Ela lembrou ainda que no “Estatuto da Terra” está claramente a alusão de que a cultura precisa ser valorizada e reconhecida em assentamentos como aquele.

Estiveram presentes na reunião representantes das regiões de Araruba, Orion, Caxambu e Furado de Modesto, e estes trataram de dar suas opiniões acerca do assunto: “Muitas apresentações como xote de quatro e o lundu estão acabando aqui no Brejo porque as pessoas não parecem ter interesse em preservar as tradições”, mencionou o morador Ticão. Ele acrescentou que ainda existe muito preconceito: “Muita gente atribui ao Diabo nossas danças, nossos batuques e nossa crença, e precisamos vencer esse preconceito também”, lembrou o morador, acrescentando a seguir que somente o batuque persiste forte na comunidade como elemento cultural de reconhecimento. “Por isso é fundamental preservar nossas tradições”, afirmou.

O presidente da Associação de Quilombolas do Brejo dos Crioulos, João Pêra, colocou a associação à disposição para o trabalho proposto pelo INCRA. Ele reforçou que a comunidade se interessa pelo assunto, uma vez que a preservação da arte e cultura do quilombo colaborará para a maior divulgação da luta pelo território. Luta esta que já teve capítulos difíceis e que, segundo o otimismo e perseverança da comunidade, poderá reservar boas notícias ainda em 2010.

Carlinhos lembrou aos moradores a visibilidade que atividades culturais dão à comunidade quilombola que luta pelo seu território: “A terra, graças a muita luta, está prestes a ser reconquistada, e a questão artística é fundamental para nortear todas essas atividades”. Uma das próximas iniciativas que o CAA irá assessorar a comunidade é no desenvolvimento de um Centro de Documentação, um espaço físico que abrigará a memória e os documentos angariadas no processo lento e gradual que está sendo a conquista do território. “Assim como a arte precisa e deve ser preservada a memória do Brejo dos Crioulos também precisa ser guardada como cuidado”, afirmou o pesquisador. Adriana Rocha vai ajudar a comunidade de Brejo nessa empreita.

Após a reunião foi servido um delicioso almoço quilombola e os moradores começaram a se organizar lembrando-se das demonstrações artísticas da comunidade. Como não poderia deixar de ser, a moradora Paula, deu um show particular entoando um batuque que fazia referência ao INCRA e à luta daquela gente valente do Brejo dos Crioulos.
domingo, 31 de janeiro de 2010
2010: Retomada das atividades em Brejo dos Crioulos
Na chegada, fomos à casa do seu Elizeu entregar algumas doações enviadas por dona Maria Rosa, uma senhora de Sete Lagoas que organizou uma campanha de doação de roupas. Esta senhora ouviu falar da história de Brejo dos Crioulos. E ficou sensibilizada, mobilizando o bairro onde mora. A família fez a maior festa!
Os moradores também receberam doação de sementes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia, além do Assentamento Tapera. João Pêra e João de Papa, presidente e tesoureiro da associação quilombola, respectivamente, vão tirar um extrato da conta. Assim que tivermos uma informação exata vamos fazer um post pra explicar tudinho pra todo mundo.
A visita da equipe ainda foi premiada com a gentileza do senhor Elizeu, que, ao final das atividades, presenteou a todos com porções generosas de fava. Um mimo, segundo ele, ofertado aos aliados da luta de sua gente. Délio Pinheiro e Adriana Rocha voltaram encantados! Puderam notar a gentileza e a hospitalidade, que brotam abundantes dos quilombolas e do quanto a luta deste povo é justa.
FAÇA PARTE DA REDE DE SOLIDARIEDADE COM OS QUILOMBOS DO NORTE DE MINAS QUE JÁ CONTAM COM O APOIO DE: Federação N'GOLO, CEDEFES, CPT, CAA-NM, RECID, FIAN-Brasil, MST, CARITAS, ARQUIDIOCESE DE MONTES CLAROS, Estudantes, professores e pesquisadores da UNIMONTES, UFMG, Cólegio São José, FEAB, CESE, FBB, entre outras !
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Sementes antigas de Brejo dos Crioulos são resgatadas!
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
CAA socializa Campanha em BREJO DOS CRIOULOS

sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Assentamento Tapera doa sementes para Brejo plantar!
Foi assim. Quando Sandra ficou sabendo da campanha, ela tinha uma viagem para o Assentamento Tapera. Este assentamento tem uma história de luta muito bonita. Quase perderam seus terrenos para uma empresa de eucalipto no final da década de 1980. Em 1994, após muita luta, conseguiram a desapropriação de uma área de 4.200 ha para suas 40 famílias de geraizeiros. Uma luta que contou com apoio de outras organizações da sociedade civil. Embora o INCRA declarasse inicialmente que as terras não eram apropriadas para um assentamento rural, eles provaram na prática a viabilidade do assentamento. É um dos poucos assentamentos do Norte de Minas que nunca precisou recorrer ao perdão de dívidas. Produzem de tudo um pouco. Inclusive sementes agroecológicas.
Quando Sandra foi na Tapera, comentou sobre a luta de Brejo. De imediato eles se mobilizaram e em pouco tempo reuniram 100 kg de sementes. Varias variedades de milho, feijão, fava. Foi o Custódio, do assentamento, que fez a mobilização. O Chico, um jovem que casou outro dia, foi um dos que fizeram a doação: 40 kg de sementes de milho.
A Valquiria depois passou no assentamento e trouxe a sementes para Montes Claros. Carlinhos, Mateus e Carla estavam, por coincidência, indo para Brejo. E levaram a sementes.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
CARTA DE BREJO DOS CRIOULOS NO DIA DO TRABALHADOR RURAL

Conforme relatam moradores mais velhos, desde meados do Século XVIII, negros fugidos da escravidão passaram a se fixar nas margens da Lagoa Peroba, existente na vazante do médio ribeirão Arapuim. Esse foi o núcleo inicial que deu origem à Comunidade Quilombola de Brejo dos Crioulos, cuja existência é reconhecida em todo o Norte de Minas Gerais. A ocupação dessa área foi possibilitada pela existência de brejo na vazante do referido ribeirão, propícia à proliferação da maleita, que a tornava imprópria para brancos e indígenas.
Com o passar do tempo, muitos outros negros fugidos para cá se dirigiram, aumentando a população que no final do Século XIX era de 38 troncos familiares. Como disse um historiador regional, Simeão Ribeiro em artigo na Revista Síntese da Unimontes, “Brejo dos Crioulos não sofreu a ação de capitão do mato”. Nesse contexto, as famílias aqui localizadas desenvolveram um sistema peculiar de organização social, cultural e produtiva, baseada em heranças africanas, indígenas e portuguesas.
A partir dos anos 1960, com a expansão da fronteira agrícola no Norte de Minas, fazendeiros utilizando de recursos violentos, como jagunços armados, passaram a grilar e a tomar as terras de diversas famílias herdadas de seus ancestrais, utilizando o artifício da venda forçada. Algumas famílias mudaram-se para outras localidades e, outras, se fixaram em “terra de santo”, existente na localidade. Segmentada por fazendas, aos poucos, Brejo dos Crioulos passou a significar a comunidade quilombola original, já que as famílias que aqui ficaram passaram a formar os grupos locais de Araruba, Arapuim, Cabaceiros, Conrado, Caxambu e Furado Seco. Discriminados por questões políticas, os moradores de Brejo dos Crioulos, estereotipados pejorativamente, passaram a sofrer exclusão em São João da Ponte. Ao mesmo tempo em que reafirmavam sua identidade cultural negra diferenciada.
Com a implantação de fazendas com recursos da SUDENE, mais para especulação imobiliária que para produção, a organização social de Brejo dos Crioulos se desestruturou. Passaram de proprietários de terra e de fornecedores de gêneros alimentícios na região a trabalhadores rurais migrantes sazonais, deslocando-se para diversas regiões do Brasil. Atualmente, 248 famílias vivem em precárias condições de vida, que determinam carência alimentar, doenças endêmicas e falta de perspectivas de empregos devido ao fechamento de postos de trabalho em fazendas regionais e de outros estados. Assim, a reprodução de Brejo dos Crioulos, tornou-se impossibilitada em sua própria localidade em meio da vastidão do território perdido e vazio na mão de fazendeiros especuladores imobiliários, apesar da Constituição Federal afirmar a necessidade de sua preservação como patrimônio da Nação brasileira.
Tendo dado início ao processo de reconhecimento como Comunidade Remanescente de Quilombo junto à Fundação Cultural Palmares e à Procuradoria Geral da República em Minas Gerais, a comunidade de Brejo dos Crioulos aguarda o deslanchar desse processo.
Nós, representantes de entidades do movimento popular do Norte de Minas, presentes neste dia do Trabalhador Rural em Brejo dos Crioulos, viemos a público denunciar as condições angustiantes vividas pelas famílias moradoras desse quilombo, já reconhecido como tal pela Fundação Cultural Palmares, tornando-se, assim, um patrimônio de todos nós brasileiros. Também, exigimos que a situação fundiária da mesma comunidade seja resolvida, para que seus moradores possam transformar a atual precária condição de vida. Ao mesmo tempo em que a dívida social da nação brasileira para com os negros seja, nesse caso, dirimida, conforme determina o Artigo 68 nos Atos Constitucionais das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988. Exigimos, também, que o processo de regularização fundiária ocorra paralelo a investimentos em infra-estrutura social, cultural e produtiva básica.
A participação de cerca de 500 pessoas, representantes de 19 cidades, 21 comunidades e 27 entidades do Norte de Minas Gerais e de outros estados e comunidade local nesta assembléia em Brejo dos Crioulos significa o nosso reconhecimento à luta desses nossos irmãos negros para permanecerem na história regional como símbolo de alternativas de vida ao modelo disseminado por todo o país. Como o foram durante o período da escravidão. Também queremos, aqui reunidos, afirmar que não deixaremos de envidar esforços para que o processo de transformação das condições atuais da comunidade seja revertido, desde que o Governo Federal cumpra o disposto na Constituição de 1988, regularizando a sua situação fundiária. Assim, aqui reafirmamos a nossa disposição de luta em favor dos nossos companheiros negros de Brejo dos Crioulos, a quem, solidários nos propomos a continuar marchando ombro a ombro até que uma nova aurora brilhe para eles e todos nós. E, para tanto, continuaremos atentos ao desenrolar do processo em curso junto à Fundação Cultural Palmare e à Procuradoria Geral da República em Minas Gerais, manifestando sempre que se fizer necessário.
Representantes do Fórum Regional de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas:
CAA/NM (Carlos Alberto Dayrell) - 038 3218.7700
João Batista de Almeida Costa – 038 9963-4136.
CUT Norte de Minas (Ducarmo) – 038 3221-4790
GRUCON (José Gomes) – 038 3212-1945
FETAEMG (Maria do Rosário) – 038 3214-1884
CPT (Alvimar Ribeiro/Zilah) – 038 3221-2982
Participaram da visita ao Brejo dos Crioulos:
- Representantes dos municípios de: Varzelândia, São João da Ponte, Montes Claros, Brasília de Minas, Manga, Jaíba, Pai Pedro, Taiobeiras, Salinas, Coração de Jesus, Mirabela, Buritizeiro, Lassance, Francisco Sá, Januária, Porteirinha, Belo Horizonte, Brasília e Recife.
- Representantes das comunidades de Brejo dos Crioulos, Furado Seco, Orion, Araruba, Arapuim, Cabaceiro, Conrado, Serra Dagua, Fazenda Gol, Puris, Rompe Gibão, Morrinhos, Pocinhos, Serra da Guia, Tanquinho, Poço da Vovó, Caroda, Lagoa Bonita, Califórnia, Barroca, Taperinha;
- Representantes das entidades: GRUCON M.Claros, SindUTE, CAA/NM, CPT MG, CPT Vale do São Francisco, FETAEMG Polo de Montes Claros, CUT N.Minas, Casa de Pastoral Comunitária, CIMI, CÁRITAS;
- Representantes dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais de Montes Claros, Coração de Jesus, Mirabela, Buritizeiro, Lassance, Januária, Salinas, Manga, Jaíba, Taiobeiras, São João da Ponte, Varzelândia, Porteirinha;
- Outros: Pesquisadores da UFJF, UNB, Universitários da UNIMONTES, Vereadores de Varzelândia, Mandato Popular de SUED (M.Claros).